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• 1) Como você começou a praticar e como essa atividade chegou ao seu conhecimento?

  Quando tinha 7 anos meu pai ensinou a mim e ao meu irmão como jogar xadrez. No início era apenas uma atividade que eu gostava muito e por causa dessa paixão comecei a me dedicar bastante ao esporte, tanto sozinha quanto com a ajuda de um professor. A partir do momento em que eu e minha família começamos a frequentar torneios escolares e federados, os resultados foram surgindo de forma natural. Desde então, nunca deixei de jogar e estudar o esporte que aprendi há mais de 16 anos.

• 2) Quais são os profissionais que mais te inspiram ou inspiraram?

  Desde que comecei a jogar, tive e tenho como referência a melhor jogadora de xadrez que o mundo já viu: Judit Polgar. Sempre achei incrível como ela conseguia disputar títulos e competições na modalidade absoluta, sem se importar se seus adversários eram homens ou mulheres. Apesar do xadrez ser um esporte igualitário que permite todos jogarem contra todos - independente de idade, gênero, cor ou condição social - culturalmente as mulheres sempre encontraram mais dificuldades para se manter como atletas. A Judit como ninguém conseguiu quebrar essa barreira e atingir notoriedade e importância mesmo entre os homens. Além dela, outro jogador que me faz brilhar os olhos por seu estilo de jogo é o Mikhail Tal.

• 3) Quais as qualidades necessárias, além da paciência, para conseguir prosperar nesse ramo?

  Eu diria que é um "combo" de 3 qualidades: amor pelo xadrez, empatia pelos alunos e didática para ensinar. Quando você de fato gosta de xadrez, faz o possível pra espalhar a prática do esporte e fazer com que outras pessoas também tenham a oportunidade de se divertir e aprender jogando. Isso inclui entender as dificuldades de cada aluno e se esforçar para que eles entendam as nuances do jogo e possam se deleitar com o xadrez tanto quanto você. A máxima é: quanto mais enxadristas, melhor :).

• 4) Um conselho para nos ajudar a progredir e não desanimar no processo de evolução nessa profissão?

  Uma das principais qualidades do xadrez é sua complexidade e infinitude. Nunca parei de jogar porque quanto mais aprendo, mais percebo que tenho muito a aprender, e isso é lindo! Não aprenda a jogar com o intuito de "zerar o jogo" ou simplesmente alcançar um objetivo único, pois isso te deixará frustrado(a). A principal ideia é se divertir no processo de aprendizagem e aproveitar as belezas que o jogo pode te proporcionar. O resultado é apenas uma consequência que vem com o tempo (não é imediato!). Se é uma atividade que te faz bem, sempre vale a pena manter o contato com isso, seja jogando, resolvendo exercícios, ou simplesmente acompanhando torneios atuais.

• 5) Além da paixão pela profissão, você poderia compartilhar conosco um hobby que também te inspire?

  Quando criança tive a sorte de poder praticar diferentes atividades. Além do xadrez, têm duas em especial que me acompanham até hoje: montar cubo mágico e tocar teclado. Em 2015 até participei de um campeonato mundial de cubo mágico (!) e acho realmente divertido aprender novos algoritmos e me superar sempre que monto um novo tipo de cubo. Já minha relação com a música é de longa data: meu contato com o piano me faz relaxar e normalmente me desconecta da correria do dia a dia, o que costuma ser bem terapêutico.

• 6) Tem algum dos seus trabalhos que, em especial, você se orgulhe bastante?

  Na verdade, acho que tenho um caso que aconteceu logo que comecei a dar aulas particulares. Eu tinha um aluno de 8 anos que era bem agitado e tinha dificuldades de ficar muito tempo parado na mesma atividade. Trabalhamos por poucos meses, mas fiquei orgulhosa com o trabalho porque ao final dos nossos estudos o aluno desenvolveu uma resistência maior para se concentrar numa atividade específica. Como consequência disso, quando participou de seu primeiro torneio municipal, foi campeão em sua categoria. O episódio foi bem surpreendente devido a hiperatividade que o aluno apresentava e a forma como ele evoluiu rápido, dado que o desenvolvimento no xadrez não traz resultados imediatos.

• 7) Você já se surpreendeu por um aluno, seja pela evolução ou capacidades?

  Tive um aluno em especial que me surpreendeu bastante. Apesar da pouca idade (8 pra 9 anos), ele era literalmente uma esponja de aprendizado, porque conseguia assimilar o que era passado de forma muito rápida. Na época, ele aprendeu inclusive a realizar o mate de bispo e cavalo, que é popularmente conhecido como o "mate não tão elementar" e já fez grandes jogadores empatarem partidas teoricamente ganhas.

• 8) Ser um Superprof é uma arte! Qual o seu segredo?

  Pra mim, o segredo é saber que nós somos diferentes e que por isso não existe uma fórmula pronta para ser um Superprof. É claro que paciência e empatia são fundamentais, mas saber que a jornada de cada aluno é única me faz lembrar que a cada aula, apesar der ser a professora, também tenho muito o que aprender.